sábado, 24 de dezembro de 2016

De sinos e atabaques

As coisas mudam, diz o chavão, e geralmente para pior, emenda o povão. Os sinos da igreja aqui ao lado trocaram o  alto das torres por amplificadores e caixas de som, e os tambores da umbanda que rufavam na praia aqui em frente nas passagens de ano, marcando o ritmo dos pontos cantados, agora o fazem na véspera. A Missa do Galo é agora celebrada com as galinhas e todos se recolhem mais cedo para evitar encontros perigosos com as raposas que rondam as igrejas, Na praia a multidão dos sem culto invadiu a areia dos terreiros improdutivos e ocupou todos os espaços, inviabilizando aqueles lindos rituais d’outrora.
Para mim, perdeu a graça. Gostava - e ainda gosto - de ouvir os sinos e de imaginar os sineiros agarrados às cordas, subindo e descendo alegremente na cadência dos badalos. E de sentir no rosto - e sobretudo no nariz - o afago quase imperceptível e o aroma marcante da fumaça daqueles charutos fedorentos, companheiros inseparáveis dos passes de descarrego com que nos brindavam os praticantes dos rituais da umbanda.
E até aquela tradicional cascata de fogos com que o hotel famoso encerrava o foguetório secou, levando junto a fonte de tanto deslumbramento. Vida que segue, atingimos um público crescente e elevado número de espetáculos pirotécnicos e artísticos até que os acontecimentos de 2020 impuseram um oportuno freio de arrumação, que deve ser aproveitado para repensar a festa em todos os seus aspectos.
E que venham muitos anos mais de vida alegre e produtiva, com saúde e disposição, para pesquisarmos a respeito e compartilharmos com você. 
Feliz Natal e Bom Ano Novo para todos nós, sempre!  

.
.

Nenhum comentário: