ORIGENS E LEGADOS
A família Paula Freitas é originária da Ilha de São
Jorge, arquipélago dos Açores, um pedacinho de Portugal perdido no oceano
Atlântico. Dali emigrou com seus pais e desembarcou no Rio de Janeiro em 1830,
com apenas onze anos de idade, o jovem Antonio Paula Freitas que
viria a ser o patriarca do grupo familiar brasileiro. De seu filho mais novo,
Alfredo, descendem aqueles que em 1930 optaram pelo sobrenome Paulafreitas. A divulgação pública
dessas lembranças é uma homenagem especial à memória do educador Alfredo de
Paula Freitas e também uma comprovação de que as árvores que plantou
floresceram no seu devido tempo.
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Antonio de Paula Freitas nasceu
na Ilha de São Jorge, uma das nove ilhas do Arquipélago dos Açores (Portugal),
no dia 11 de janeiro de 1819, desembarcou no Rio de Janeiro em 11 de novembro
de 1830, com seus pais, casou-se em 1842 com Maria da Glória da Conceição
Freitas e faleceu no dia 30 de novembro de 1855, com apenas 36 anos de idade,
deixando oito filhos. Dois deles, Antonio e Alfredo,
o primogênito e o caçula, ambos engenheiros e professores foram profissionais
destacados nas respectivas áreas de atuação e personalidades marcantes na
sociedade carioca entre o final do reinado de Dom Pedro II e os primeiros anos
da República, e deixaram um belo legado de realizações à cidade do Rio de
Janeiro e aos seus descendentes.
Alfredo de Paula Freitas, nasceu
em 8 de outubro de 1855, no Rio de Janeiro, e faleceu em 30 de maio de 1931,
aos 75 anos de idade. Não chegou a conviver com o pai, falecido um mês
após seu nascimento, e casou-se em 12 de outubro de 1878 com Maria Emília Pinto
Guedes, com quem teve dez filhos. Do terceiro filho, batizado Júlio
César, descendem os familiares que optaram pelo sobrenome unificado Paulafreitas.
Aos 16 anos Alfredo ingressou na antiga Escola Central,
depois Escola Politécnica, no Largo de São Francisco - atual Faculdade de
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - onde graduou-se como
Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas, em 1877, e formou-se Engenheiro
Civil em 1878, aos 23 anos de idade. Trabalhou um ano na Estrada de Ferro
Pirapetinga, quando casou-se e optou definitivamente pelo magistério, sua
verdadeira e apaixonada vocação, já então como professor da mesma Escola
Politécnica onde se graduara apenas dois anos antes. Em 1885 f foi nomeado pelo
governo imperial delegado da Inspetoria Geral de Instrução Primária e
Secundária, cargo que exerceu pro bono por cinco anos. Em
1888, aos 33 anos de idade, foi classificado em 1° lugar em concurso para
professor catedrático da Escola Politécnica, onde lecionou por 34
anos.
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A família de Alfredo de Paula Freitas em
1915
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O COLÉGIO PAULA FREITAS
No dia 3 de outubro de 1892 fundou o Colégio Paula Freitas, que em 1900
teve reconhecida a excelência do seu ensino ao ser equiparado pelo já então
governo republicano ao Ginásio Nacional, primeiro nome do hoje conhecido
Colégio Pedro II. Isso significava que os alunos aprovados em exames
específicos prestados perante Juntas Examinadoras fiscalizadas por
representante do Governo, tinham acesso assegurado às Escolas Superiores
(Faculdades) e ao curso de Bacharelado oferecido pelo próprio Colégio.
Seis anos depois, a primeira turma de bacharéis pelo Colégio Paula Freitas
colou grau e recebeu seus diplomas na presença do então Presidente da
República, Rodrigues Alves, o que se repetiu posteriormente, quando o ilustre
visitante foi o então Presidente Nilo Peçanha.
Instalado em prédio tradicional que pertenceu ao Barão do Rosário,
uma ampla área na rua Haddock Lobo fronteira à rua Afonso Pena, na Tijuca, onde
hoje existe a rua Maestro Heitor Villa Lobos, o Colégio Paula Freitas foi
modelo de eficiência, modernidade e cidadania, conciliando o trato
intelectual com o vigor físico e os deveres cívicos, ao estimular
atividades literárias, a ginástica e a manutenção de um Batalhão Escolar em
parceria com o Exército Brasileiro.
O Colégio Paula Freitas
Além de bem equipados
laboratórios de física e química, biblioteca, salas de desenho e datilografia,
e de um Grêmio Literário que coordenava a publicação de vários jornais internos
pelos alunos, o Colégio possuía um pátio coberto para ginástica e
quadras esportivas.
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Laboratório
de Física
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Laboratório
de Química
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Pátio coberto para
ginástica
O Colégio também mantinha um núcleo de escoteiros e foi
pioneiro na organização de um Batalhão Escolar e de uma Linha de Tiro,
precursora dos Tiros de Guerra que formavam, na época, os reservistas do
Exército Brasileiro. Graças ao bom relacionamento e parceria com as
Forças Armadas, o Batalhão Escolar era comandado por um oficial do Exército e o
Colégio tinha a guarda do seu armamento. Com a morte do seu fundador,
em 1931, a instituição saiu do controle da
família e foi extinta, após 40 anos de exemplar atividade.
Batalhão Escolar desfilando
Paiol
HOMENAGENS PÓSTUMAS
Em 1935, por iniciativa de um grupo de ex-alunos e autoridades públicas
da cidade do Rio de Janeiro, foi erigida nos jardins do Colégio uma herma em
sua memória, obra do escultor Benevenuto Berna. Pouco depois, considerada
moumento da cidade, foi solenemente transferida para o local onde se
encontra, na Praça Afonso Pena, na Tijuca, a uma quadra da antiga sede do
educandário. Em 1955 foi comemorado o centenário do seu nascimento com
cerimônia pública junto ao monumento, a que compareceram familiares, ex-alunos,
admiradores e autoridades do ensino.
Inauguração do monumento na praça Afonso Pena
A festa do Centenário na Praça Afonso Pena
A ESCOLA MUNICIPAL ALFREDO DE PAULA
FREITAS
Em abril de 1959 foi homenageado pela Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro como patrono da Escola Municipal Alfredo de Paula Freitas, localizada
na rua Gustavo de Andrada, 290, no bairro de Irajá, a cuja cerimônia de
inauguração estiveram presentes seu neto Luiz de Abreu Paula Freitas e
bisnetos. Posteriormente o prédio passou a abrigar também a Escola
Estadual de Ensino Supletivo de mesmo nome.
No final de 2009 a Escola comemorou o seu cinqüentenário com
uma alegre festa, coroada pela inauguração de uma placa alusiva à data
reproduzindo palavras de seu patrono.
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“Feliz o educador que, ao voltar-se para o caminho percorrido, vê em
plena florescência as árvores que plantou. Não terá talvez
ocasião, nem tempo, de se abrigar sob a copa frondosa. Pouco
importa. Dá-lhe forças para seguir avante, e consola-o de tudo, a só
lembrança de que, à sombra protetora das árvores gigantescas, se acolherá
a mocidade – satisfeita e agradecida.”
Alfredo de Paula
Freitas, 31/10/1917
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ANTONIO DE PAULA FREITAS
Antonio de Paula Freitas nasceu no Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1843 e faleceu em 18
de março de 1906. Era doutor em Ciências Físicas e Matemáticas pela antiga
Escola Politécnica, Engenheiro Geógrafo e Civil e professor catedrático por
quarenta anos da mesma Escola onde se formara. Em 1904 estudou na
Sorbonne (Paris) a técnica do concreto armado, que introduziu no Brasil e veio
a ser utilizada pela primeira vez no país em obras públicas em 1907, quando da
construção dos canais do Porto de Santos pelo engenheiro Saturnino de Britto.
Foi figura de destaque em atividades profissionais e acadêmicas no reinado de
D. Pedro II, sendo agraciado com os títulos de Oficial Menor da Casa Imperial e
Cavalheiro da Ordem da Rosa. Recebeu também a prestigiada Medalha Hawshaw,
honraria de origem inglesa atribuída a quem se destacasse por trabalhos
acadêmicos na área da Engenharia. Entre outras atividades no campo
profissional, foi fundador e membro do Conselho Diretor do Clube de Engenharia,
membro do Instituto dos Engenheiros Civis de Londres, membro da Sociedade
Francesa de Higiene, membro da Diretoria do Congresso Científico
Latino-Americano, fundador e membro da Administração do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro.
Na segunda metade dos anos 1800 presidiu a "Empreza de Construções
Civis" de Alexandre Wagner e seus genros Otto Simon e Theodoro
Duvivier, pioneiros no desenvolvimento de Copacabana e à
qual pertencia praticamente metade da área então denominada Sacopenapan.
Foi o responsável pelo projeto e obras de arruamento do bairro, em 1894, e
homenageado posteriormente com seu nome dado à antiga rua Itororó.
Em 1903 foi eleito intendente municipal, função então correspondente à
de vereador, e presidente do Conselho de Intendência Municipal, tendo renunciado pordivergências políticas com o então prefeito
Pereira Passos. Logo após foi sufragado presidente do Conselho do Instituto
Politécnico Brasileiro, criado em 1862 durante o regime imperial e que seria a
primeira associação de engenheiros do país.
São de sua autoria os projetos e a construção de vários prédios históricos na
cidade do Rio de Janeiro, como o imóvel-sede da Imprensa Nacional Geral e o do
Tesouro Nacional, já demolidos, e o do Correio Geral na rua Primeiro de
Março.
Imprensa Nacional
Edificio
Sede dos Correios
Destaque ainda para o edifício projetado em 1880 para sediar a Faculdade
de Medicina, cuja pedra fundamental foi lançada em 12 de fevereiro de 1881 pelo
próprio Imperador D. Pedro II. As obras, porém, sofreram paralisações e somente
foram concluídas em 1908, após seu falecimento, quando o prédio foi utilizado
como pavilhão do Brasil na Exposição Internacional comemorativa do Centenário
da Abertura dos Portos. No momento é ocupado por repartições do Ministério da
Agricultura.
Pavilhão da Agricultura
Durante mais de vinte anos foi engenheiro da Igreja da Candelária, sendo
responsável pelo projeto e construção das duas sacristias laterais, em 1877 e
pelo desenho e colocação – em colaboração com Heitor de Cordoville –
do novo revestimento interno em mármore italiano, além da instalação das
belíssimas portas em bronze, em 1901. Em 1898 publicou o livro Memoria
históica sobre a fundacão e construccão da igreja da Candelaria, cujas duas edições se
esgotaram.
Igreja da Candelária Sacristias
Candelária - revestimento interno
Candelária, portões
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