terça-feira, 14 de abril de 2020

DIÁRIO DA CRISE: Hotel Tambaú

 Na esteira das notícias sobre o inédito fechamento temporário e mudança de nome do lendário hotel Copacabana Palace e a da derrocada do icônico Hotel Tropical, de Manaus, leio anúncio do leilão judicial do Hotel Tambaú, de João Pessoa, de que temos fortes lembranças. Estivemos lá no final dos anos 70, quando ele estava em seu apogeu, e nos hospedamos em uma suíte com uma grande janela voltada para o mar onde, no final das tardes a maré alta batia nos vidros impulsionada pelo vento constante e espalhava espuma rendada pela sua superfície. Tudo muito lindo, uma sinfonia de sons naturais regida pelo canto das águas e pela paisagem sem fim.

João Pessoa na época era uma cidade pequena e de poucos atrativos sociais, e  reencontramos lá uma amiga antiga que à noite nos visitou no hotel. Ela apareceu acompanhada pelo namorado que portava um violão e ele nos proporcionou um show inesquecível que começou numa salinha isolada, acabou atraindo a atenção de outros hóspedes e foi transferido para um espaço maior. Soubemos depois que se tratava de um conhecido e festejado músico regional e aquela exibição intimista foi o ponto alto de nossa estada naquela capital.

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A divulgação do leilão, discreta nas entrelinhas do jornal especializado me pegou de surpresa, mas não foi totalmente inesperada já que a proposta do hotel de dispor de amplos espaços simples e de ter na natureza sua atração principal se viu sufocada pelo avanço mercadológico dos novos concorrentes. Nesse retiro forçado em que ora nos encontramos por força da pandemia que assola a humanidade, é inevitável ver na ação do mar, lavando as mãos e as vidraças nordestinas, uma analogia aos cuidados exigidos para nossa segurança sanitária.
 

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